Algumas noções de Aristotelismo-Tomismo

Vinicius Dias
3 min readDec 13, 2017

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Não tenho pretensão de dar aulas de filosofia antes que alguém o diga. Gostaria apenas de compartilhar um pouco sobre o que eu sei e divulgar as ideias tomistas.

Este artigo surgiu graças a tradução que fiz de um texto de Edward Feser sobre as cinco vias de santo Tomás. O texto não é difícil, mas creio que seria bom dar uma introduzida para quem não está habituado a algumas noções tomistas. Eis a tradução:

Pois bem, começaria com a questão da potência e do ato. Esses termos surgiram quando Aristóteles abordava um problema que já vinha de séculos. Heráclito dizia que tudo se movia e nada permanece o mesmo, Parmênides dizia que tudo era imóvel e o movimento era uma “ilusão”. Sendo assim, Aristóteles conseguiu explicar como uma coisa se movia e ainda permanecia a mesma.

Vou dar um exemplo, creio que será bastante claro por si mesmo. Imaginamos uma sementinha que cai na terra. A sementinha enquanto sementinha é ser-em-ato, é o ser atual da sementinha. Porém, a sementinha poderá germinar e se tornar árvore. Enquanto ainda é uma sementinha, a sementinha é uma árvore em potência, ainda não o é, mas contém dentro de si as condições para sê-lo. É o ser-em-potência. Conforme a sementinha efetivamente cresce e se transforma numa árvore, ela se torna uma árvore em ato.

É importante notar que a sementinha não tem potencialidade para se tornar um ser gato, uma pedra ou um papagaio. Dentro de si há apenas as possibilidades de se tornar árvore

Outras noções importantes são as quatro causas de Aristóteles. Para pensarmos nelas, imaginemos uma estátua. Vamos pegar a Ecce Homo de Romero Zafra, uma de minhas preferidas. Observe-a bem.

O sofrimento do servo sofredor esculpido em pedra.

Belíssimo, não?

Mas podemos ver muitas coisas além dos momentos anteriores da crucificação do Salvador. Essa estátua possui quatro causas distintas. Uma estátua pode ser feita de mármore, de gesso, de madeira… Dizemos então que possui uma causa material que nada mais é do que o material pela qual uma estátua é feita.

Em segundo lugar, uma estátua possui uma forma. O mármore deve ser esculpido em uma forma ou outro. Sendo assim, dizemos que a estátua tem uma forma, que é sua causa formal. Nesse caso, a causa formal da estátua é sua forma de Cristo.

Depois, uma estátua não nasce pronta, alguém precisa fazê-la. O responsável por ela, obviamente, é um escultor, no caso, Romero Zafra, que é a causa eficiente da estátua.

Por fim, essa estátua possui uma finalidade. Pelo que sabemos de Zafra, é um artista que faz muitas imagens religiosas. Sem dúvida queria homenagear a Cristo com sua magnífica arte.

Temos então a causa material e a formal que formam um par a parte, depois temos um outro par que é a causa eficiente e a causa final.

Além de retratar a dor de Jesus, Zafra mostra uma capacidade incrível de esculpir os detalhes corporais. Observem as veias de Cristo! O tônus muscular é incrivelmente realista, sem exageros, simplesmente na medida certa ocupando o “segundo plano” na escultura.

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